: NONA ENFERMARIA: CLÍNICA MÉDICA: setembro 2009

terça-feira, 29 de setembro de 2009

A mais-valia do trabalho médico





Brasília, segunda-feira, 21 de setembro de 2009



A mais-valia do trabalho médico
Dioclécio Campos Júnior
Médico, é professor titular da UnB e presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria
dicampos@terra.com.br
A situação do médico no Brasil é dramática. Estresse, desgaste físico e baixa remuneração são ingredientes de uma vida profissional que se consome à exaustão, em curto espaço de tempo. Não obstante o horizonte sombrio que se configura, a medicina ainda é o curso mais procurado nas universidades. Um sonho que fascina enquanto dura. Um ideal que ainda desafia a realidade desoladora.

As razões que levaram tão relevante fazer profissional à desagregação vêm de longa data. Têm a ver com o modelo econômico vigente. A principal delas é pouco percebida na atualidade. Já quase não se fala de seu mecanismo de ação. É a mais-valia, conceito criado pelo economista Karl Marx para mostrar a lógica de exploração do trabalho, fundamento da sociedade capitalista. Corresponde à diferença entre o valor financeiro gerado pelo trabalho e o salário pago ao trabalhador. Quanto maior a distância entre os dois componentes dessa equação, maior o ganho do capital em detrimento do trabalho. As empresas e o próprio Estado mantêm-se graças à mais-valia que subtraem dos trabalhadores, origem dos lucros que os sustentam, da exploração que os enriquece. Essa prática abusiva permeia quase todas as relações de trabalho no país.

No caso da atividade médica, a mais-valia tem dimensão diferente. O valor produzido pelo labor do médico é a recuperação da saúde, um bem que não tem preço. Logo, sua remuneração deveria ser muito maior. Mas é impossível estimar o valor financeiro da saúde do cidadão. Por isso, lança-se mão de outros critérios para o cálculo indireto da mais-valia do trabalho médico. Para tanto, o mais racional é adotar o que preceitua o inciso IV do artigo 7º da Constituição, relativo aos componentes do salário mínimo. Segundo a norma constitucional, o vencimento do trabalhador deve ser “capaz de atender a suas necessidades básicas e às de sua família como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo...”.

Estudo feito pela empresa ABP Informáticaem 2002 definiu, com base no critério da Carta Magna, o valor do salário mínimo do médico e o de uma consulta pediátrica, cuja duração fica em torno de 35 minutos. Aplicados os índices oficiais de correção até 2009, o salário mensal desse profissional, com vínculo empregatício público ou privado, em carga horária de 20 horas semanais, não pode ser menor que R$ 8.300. Ora, o médico funcionário do SUS não recebe mais que R$ 3 mil ao mês, por contrato de 20 horas semanais. A mais-valia de que o Estado se apropria é de R$ 5.300 em cada salário. O valor da consulta pediátrica não deve ser inferior a R$130. Porém, os planos de saúde pagam, em média, R$ 30 ao pediatra. A mais-valia que retêm é de R$ 100 por consulta. Assim, tanto no setor público quanto na saúde suplementar, o médico paga para trabalhar. É a profissão que, pelo montante da sua mais-valia retida, sustenta o funcionamento do SUS e dos planos privados de saúde.

A medicina já foi atividade liberal no Brasil. Com o crescimento demográfico e as desigualdades inerentes ao modelo de sociedade que vigora no país, o Estado teve de expandir a intervenção no campo da saúde, sob pena de perder o controle das condições sanitárias da população. A formação de médicos foi estimulada a aumentar em ritmo alucinante. Colocou à disposição do sistema público e da saúde suplementar um número de profissionais superior à necessidade real. O excedente de médicos equivale ao que se denomina exército de reserva, o contingente de mão de obra sempre disponível para garantir a exploração máxima da mais-valia.

Assim, o que ocorreu com a classe médica brasileira foi a sua acelerada proletarização, comandada pelo Estado. No início dos anos 1960, discutia-se a socialização da medicina, entendida, à época, como a transformação do profissional liberal em funcionário público ou de empresas patronais. Samuel Pessoa, eminente professor universitário de então, profetizou: “Estamos convencidos, de fato, de que a socialização de uma classe num regime capitalista dará como resultado transformar os indivíduos que a compõem em assalariados, que virão aumentar a classe dos explorados”. Nada mais lúcido. Os médicos têm de reagir com firmeza. Precisam mobilizar-se. Caso contrário, a única alternativa que lhes resta para libertar-se da apropriação indevida de sua mais-valia, e recuperar a dignidade perdida, é trabalhar apenas como profissionais liberais.

Editor: Dad Squarisi // dadsquarisi.df@diariosassociados.com.br
Assessoria de Comunicação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
Tel: 55 21 2256-6856 ou 55 21 2548-1999/ imprensa@sbp.com.br

sábado, 26 de setembro de 2009

Febre Reumática: Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção 2009

64º Congresso Brasileiro de Cardiologia - Salvador 2009
Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico, Tratamento e Prevenção da Febre Reumática

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Pneumoperitônio

Pneumoperitônio (do grego pneûma = ar, gás + peritónion = membrana interna da cavidade abdominal), lato senso, significa a presença de gás na cavidade peritoneal.

Etiologia
Pode ser resultado da perfuração de uma víscera oca conseqüente a processo inflamatório infeccioso (apendicite, diverticulite, febre tifóide) ou não (doença inflamatória intestinal, doença ulcerosa gastroduodenal perfurada), trauma abdominal aberto(ferida por arma de fogo ou arma branca) ou fechado( contusão em acidentes automobilísticos com ruptura duodenal por trauma do volante sobre o abdômen.).
Nas cirurgias laparoscópicas é produzido intencionalmente pelo cirurgião a fim de melhor visualização das vísceras abdominais.
É imprescindível para a realização da videolaparoscopia a criação de um espaço na cavidade abdominal e pélvica, que permita a inserção, por meio de portais de acesso, dos instrumentos e sua manipulação sobre os órgãos internos abdominais e pélvicos, e retroperitoneais. Utiliza–se para individualizar vísceras e estruturas nobres como vasos, ureteres, alças intestinais e os órgãos pélvicos que serão alvos de investigação e procedimentos cirúrgicos.
O pneumoperitônio é realizado com uma agulha denominada Veress(agulha longa de 12cm a 18cm de comprimento, calibre que oscila de 2mm a 3mm , ponta romba e com mecanismo de proteção as estruturas nobres abdominais ). Os locais preferenciais da sua introdução são mostrados na figura abaixo.
Pneumoperitôneo sem associação com perfuração do trato gastrointestinal
O pneumoperitôneo é geralmente o resultado da perfuração do trato gastrointestinal com peritonite associada. No entanto, outras causas raras, incluindo espontânea incidentais intra-toracica, intra-abdominal, ginecológica e diversas outras origens não associadas a perfuração do trato gastrointestinal foram descritas na literatura. Seis casos de pneumoperitôneo sem qualquer indicio de pefuração do trato gastrointestinal perfurado são relatados por Omori H e cols em trabalho publicado em 2003 ( 4 ). Três dos pacientes com peritonite generalizada foram submetidos a laparotomia exploratória ou laparoscopia quando exames clínicos sugeriram um abdômen agudo. No procedimento cirúrgico, perfuração uterina, abscesso fígado perfurado e ruptura de uma metástase hepática foram documentados desses pacientes, respectivamente. Nos outros três pacientes com pneumoperitôneo, que não apresentavam sinais associados a peritonite, foram encontrados dois cuja causa foi pneumatosis cystoides intestinalis, sendo um tratado de forma conservadora e o outro obteve o diagnóstico por laparoscopia. O outro paciente deste grupo apresentava pneumomediastino e pneumoretroperitôneo causado por uma ruptura alveolar, como conseqüência de desnutrição com diminuição da complacência pulmonar e o tratamento aplicado foi clínico conservador. A história do paciente e o conhecimento das causas raras de pneumoperitôneo podem contribuir para a diminuição do número de laparotomias exploradoras na ausência de peritonite.

Referências;
1. Amorim M M R , Netto F A C S,Santos L C , Mascarenhas E, Katz L: Pneumoperitônio Pós-Cesárea: Relato de Caso RBGO , 1998: 20 (5): 289-292
2. Catarci M; Zaraca F; Mulieri G; Di Paola M; Montemurro L; Filippoussis P; Greco E; Gossetti F; Carboni M. Routine use of open laparoscopy : technique and results in 1.006 consecutive cases. Chir Ital. 1999 Mar-Apr; 51(2), 151-8.
3. Helmereich-Becker I; Meyer Zum Buschenfelde K. H; Lohse A W; Safety and feasibility of a new minimally invasive diagnostic laparoscopy technique. Endoscopy. 1998 Nov; 30(9), 756-62.
4. Omori H, Asahi H, Inoue Y, Irinoda T, Saito K: Pneumoperitoneum without Perforation of the Gastrointestinal Tract. Dig Surg 2003;20:334-338

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Língua pilosa (língua villosa nigra)

A língua pilosa (língua villosa nigra) é resultado da descamação alterada das papilas filiformes da língua com hipertrofia reativa das mesmas. Clinicamente, é caracterizada por um revestimento de coloração preto amarronzada da superfície dorsal da língua.

Etiologia
Vários são os fatores etiológicos relacionados a esta condição, incluindo a má higiene bucal, perda dentária (a dieta liquido pastosa não permite a descamação normal da língua que é gerada pelo atrito dos alimentos sólidos durante a mastigação), hipossalivação, utilização crônica ou ampla de antibióticos, antidepressivos e outros (vide tabela). Tratamento radioterápico da região da cabeça e pescoço. É mais freqüente em usuários de tabaco e etilistas, do que consumidores de café ou chá. É encontrada em pacientes que são HIV positivos, usários de drogas por via intravenosa, embora não haja valor preditivo para este achado neste grupo.
Poderíamos colocar que a língua pilosa seria o resultado de hábitos de vida compartilhado, como má higiene bucal, uso do tabaco, etilismo, consumo café e chá, etc.

A língua pilosa é freqüentemente denominada de língua negra (língua villosa nigra), mas também pode assumir coloração castanha, branca, verde ou rosa, muitas vezes devido a fatores secundários, como bochechos com substâncias que contenham corantes em sua fórmula, consumo de balas e chicletes, etc.


Sintomas
É uma patologia benigna sendo freqüentemente assintomática, e quando presentes, os sintomas podem incluir náuseas, halitose, disgeusia e aparência pouco atrativa da língua.
Pacientes com língua pilosa muitas vezes podem desenvolver infecção secundária por Candida albicans.

Tratamento
Consiste em boa higiene bucal e da utilização de uma escova de dentes ou de língua, que ajudariam na descamação das papilas.
Aumentar a hidratação e salivação, interromper o hábito de fumar.
Uso tópico de uréia a 40 por cento, retinóides ou ácido salicílico
Uso de drogas antifúngicas se justifica quando há uma suspeita de infecção por cândida.
Se o agente causal for o uso de antibiótico, a condição pode se resolver naturalmente, após a suspensão da droga.

O caso da foto é de um paciente, masculino, de 85 anos de idade, fumante de charuto sem nenhuma história médica notável, que relatava apresentar manchas pretas na língua, há vários anos.
Referência:
1: N Engl J Med. 2006 Jan 5;354(1):67.
Images in clinical medicine. Black hairy tongue.
Korber A, Dissemond J.
University School of Medicine, D-45122 Essen, Germany.
Publication Types: Case Reports
PMID: 16394303 [PubMed - indexed for MEDLINE]

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Ausculta cardiaca e pulmonar

Excelente, clique no link abaixo

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Hidrocele

Embriologia da região inguinal
Em torno do terceiro mês de gestação, há formação de uma evaginação do peritônio em direção à região inguinal, denominada de processo vaginal.
O processo vaginal acompanha o testículo pelo canal inguinal, seguindo o curso do gubernáculo e, normalmente, é reabsorvido completamente a partir do orifício inguinal interno em direção caudal, ao longo de todo trajeto de descida testicular, a exceção das túnicas vaginais.
O posicionamento final do testículo na bolsa escrotal ocorrerá até o nascimento ou durante o primeiro ano de vida.


Definição e considerações
A bolsa escrotal contém um pouco de líquido que ajuda a lubrificar os testículos e facilita sua movimentação.
Hidrocele é a presença de líquido em quantidades anormais dentro do escroto e envolvendo o testículo, decorrente de excessiva produção ou reabsorção insuficiente desse líquido fazendo com que ele se acumule dentro da túnica vaginal (membrana que recobre o testículo) provocando crescimento da bolsa escrotal, em geral lento, indolor e não associado a nenhum processo inflamatório, muitas vezes gerando desconforto ou problemas de ordem estética e constrangimento.Ocorre unilateral ou bilateral, podem ser congênitas ou adquirida

A hidrocele pode ainda ser dividida em:
(1) aquelas associadas à persistência de comunicação com a cavidade abdominal (ou tipo comunicante)
(2) não-comunicantes.

Diagnóstico clínico:
• aumento do tamanho simétrico e regular do escroto ou hemiescroto.
• dificuldade para delimitar o testículo no exame físico
Por tipo:
• Hidrocele não-comunicante:
- o volume não é redutível por manobras digitais
- não existem referências de variação aguda de volume.

• Hidrocele comunicante:
- aumento de volume súbito, com processos febris ou com supostos traumas de bolsa escrotal.
- pode variar de volume durante o decorrer do dia ou aumentar com esforços.
- é redutível com manobras de palpação do escroto.

-Transiluminação positivo: luz transmitida através do conteúdo escrotal: o testículo é bem delimitado, de forma e tamanho normais.

Diagnóstico diferencial:
com outras massas Testiculares indolores: espermatocele, varicocele, tumores:do cordão, do epidídimo ou testicular.

Diagnóstico complementar:
-Ultra-som: coleção de fluido em torno do testículo. Atenção: 10 % dos tumores testiculares estão associados a hidrocele reativa (razão pela qual o testículo deve ser bem visualizado).

Tratamento:
- Cirurgia: é o de escolha.
- Punção: tratamento paliativos em pacientes com mau estado geral, havendo uma elevada taxa de recidiva.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A descoberta da insulina

Sir Frederick Grant Banting
Nobel de Fisiologia ou Medicina 1923
No dia 27 de julho de 1921, Fredrick Banting and Charles Best, dois pesquisadores da Universidade de Toronto, no Canadá, isolavam pela primeira vez o hormônio produzido nas células do pâncreas: a insulina. Esta descoberta permitiria o controle do diabetes, uma doença até então mortal.
A primeira pessoa a ser salva após a descoberta da insulina foi Elizabeth Hughes. Ela tinha 14 anos e era diabética. Até o começo dos anos 1920, não havia nenhum medicamento para tratamento da doença, que tinha seu controle, apenas, através de uma rigorosa dieta. Uma solução dificil, uma vez que, para conter os efeitos da doença, era preciso disciplina e rigor alimentar, o que por vezes gerava outras graves conseqüências,como a desnutrição.
No verão de 1922, Elizabeth era só pele e osso e estava muito enfraquecida. Quando sua mãe ficou sabendo que, no Canadá, havia sido descoberto um novo medicamento contra a diabetes, procurou Frederick Banting, responsável pela pesquisa. No dia 16 de agosto, o médico iniciou o tratamento na jovem paciente. Elizabeth recebeu a primeira injeção de insulina.
Nas semanas seguintes, Elizabeth começou a ganhar peso e recuperou as energias. Em outubro, percebeu que tinha crescido. Pouco tempo depois, deixou o leito e voltou a freqüentar a escola. Sua recuperação parecia um milagre.
a primeira usuaria de insulina: a menina Elizabeth Hughes...












a paciente anos depois...

Paracentese (new england journal of medicine)

A paracentese abdominal constitui um procedimento indicado como complementar na busca da causa etiológica das ascites com obtenção de líquido, para observação de seu aspecto( citrino limpido, hemorrágico, leitoso,etc.)e colheita de amostras para analise bioquimica, microbiologica e histopatológica(citológica). Em pacientes que apresentem ascite de grandes volumes com desconforto abdominal importante, dificuldade respiratória ou refratárias ao tratamento clínico, a paracentese tem indicação terapeutica de alivio.
O vídeo a seguir contém informações técnicas "passo a passo" sobre o procedimento, bem como indicações, contra-indicações e cuidados em situações especiais, principais causas de transudato e exsudato, complicações do procedimento.
idioma: ingles