: NONA ENFERMARIA: CLÍNICA MÉDICA: 2010

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Princípios de Neurologia

excelente livro, abrange toda a neurologia clínica de forma fácil e didática

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

EXAME CLINICO OSTEO-ARTICULAR

AULA MINISTRADA NO CURSO DE SEMIOLOGIA CLINICA 2010
http://www.mediafire.com/?ja30a160q3288pq

domingo, 3 de outubro de 2010

CICLO CARDÍACO


A base do exame cardiológico está diretamente relacionada ao conhecimento dos eventos que constituem o ciclo cardíaco. Esta animação torna facil o entendimento, é interativo, sensacional!!!!

é arquivo .exe, mas é seguro, pode baixar, sua origem é a University of Utah.
Imperdível!!!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Novo teste consegue diagnosticar tuberculose em duas horas

Prof.Eraldo dos Santos
Clínico da 9ªenfermaria Santa Casa da Misericórdia do RJ

Investigação realizada comprovou eficácia em 98 por cento dos casos

O controle global da tuberculose é dificultado pelo demora na obtenção de resultados e baixa sensibilidade dos métodos de diagnóstico, em particular na detecção de formas resistentes a drogas em pacientes com infecção pelo vírus da imunodeficiência humana. A detecção precoce é essencial para reduzir a taxa de mortalidade e interromper a transmissão, mas a complexidade e as necessidades de infra-estrutura de métodos sensíveis limitam sua acessibilidade e efeito.

Um novo teste molecular consegue diagnosticar tuberculose de forma mais fácil e em menos tempo que os métodos utilizados atualmente, anuncia o “The New England Journal of Medicine”. O teste diagnostica a doença e a resistência a um dos fármacos mais potentes de combate à mesma, a rifampicina.
Pode ser efetuado por técnicos da área da saúde e permite detectar, de forma fiel, em torno de apenas duas horas, os fármacos aos quais os pacientes são multirresistentes.

O teste, sua aplicação e o futuro

Foi avaliado o desempenho de RIF / Xpert MTB, um teste automatizado molecular de Mycobacterium tuberculosis (MTB) e resistência à rifampicina (R), com o processamento da amostra totalmente integrada em 1730 pacientes com suspeita de tuberculose pulmonar sensível ou multirresistente. Os resultados foram obtidos a partir de tres amostra de escarro destes indivíduos, cujos sintomas sugeriam tuberculose, recrutados em diferentes centros populacionais: Lima, no Peru; Baku, no Azerbaijão; Cape Town e Durban, na África do Sul e, ainda, em Mumbai, na Índia.
O estudo demonstrou que um único teste identifica corretamente 98% das pessoas previamente diagnosticadas como positivas em testes comuns.
“Os resultados são encorajadores”, afirmou Mario Raviglione, diretor do departamento “STOP Tuberculose”, da Organização Mundial de Saúde (OMS). “Agora temos nas nossas mãos uma ferramenta que podemos utilizar rapidamente, não apenas na confirmação da tuberculose, mas também em termos do reconhecimento dos fármacos multirresistentes, o que significa uma revolução na forma de lidarmos com esta devastadora enfermidade”.
A pesquisa foi desenvolvida a partir de uma parceria público-privada; a “Foundation for Innovative New Diagnostics”, com sede em Genebra, a empresa “Cepheid” e a “University of Medicine and Dentistry”, de New Jersey, tendo ainda contado com o apoio da Fundação Bill Gates e da sua mulher, Melinda.
Raviglione afirmou que um comitê de especialistas da OMS está agora a debruçar-se sobre os resultados do estudo. Um grupo de conselheiros estratégicos irá depois rever este trabalho e só então procederá à elaboração de recomendações, nomeadamente sobre as repercussões da introdução do novo teste de diagnóstico em termos de Saúde Pública.
Em outubro, se tudo correr como planeado, a “OMS estaria numa posição de poder promover a rápida detecção da tuberculose nos seus estados membros e interpelar os estados a introduzi-lo, o mais rapidamente possível”, acrescentou Raviglione.
A OMS gostaria ainda de ver a nova tecnologia chegar o mais longe possível, a começar pelos hospitais distritais localizados nas zonas mais rurais de África.
Só em 2008, estima-se que tenham surgido cerca de 9.4 milhões de novos casos de tuberculose, incluindo cerca de 440 mil de tuberculose multirresistente a fármacos, a forma mais grave da doença.
De acordo com as estatísticas da organização, todos os anos a doença é responsável por cerca de 1.8 milhões de mortes (150mil a 200 mil devido à tuberculose multirresistente).

Fontes:
1- N Engl J Med 2010; 363:1005-1015September 9, 2010
(http://www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMoa0907847 )
2- British Medical Journal, 2010;341:c4897

3- Informações adicionais:
Foundation for Innovative New Diagnostics, Geneva (C.C.B., P.N., M.D.P.); Forschungszentrum Borstel, Borstel, Germany (D.H., S.R.-G.); the Department of Clinical Laboratory Sciences, University of Cape Town, and National Health Laboratory Service, Cape Town (M.P.N., A.M.), and the Unit for Clinical and Biomedical TB Research, South African Medical Research Council, Durban (J.A., R.R.) — all in South Africa; P.D. Hinduja National Hospital and Medical Research Centre (Hinduja), Mumbai, India (S.S., C.R.); Instituto de Medicina Tropical Alexander von Humboldt, Universidad Peruana Cayetano Heredia, Lima, Peru (F.K., E.G.); Special Treatment Institution, Baku, Azerbaijan (R.T.); the Division of Infectious Diseases, New Jersey Medical School, University of Medicine and Dentistry of New Jersey, Newark (R.B., D.A.); Cepheid, Sunnyvale, CA (M.J., D.H.P.); and the Department of Biostatistics and Bioinformatics, Duke University Medical Center, Durham, NC (S.M.O.).

domingo, 19 de setembro de 2010

Incidência de câncer retal aumenta em jovens

MedWire News*
data da publicação: 06 de setembro-2010

Os médicos rotineiramente subestimam o risco de câncer retal em jovens, apesar crescente incidência neste grupo, uma análise de mais de 7000 pessoas Estados Unidos sugere que tal fato é verdadeiro.

O risco para o câncer coloretal (CCR) aumenta com a idade, sendo, portanto, muitas vezes considerada uma doença de idosos. No entanto, mudanças na dieta e outros fatores, têm levado a um aumento na incidência de CCR em indivíduos com idade inferior a 40 anos.

Apesar disso, a percepção do CCR como uma doença de idosos persiste, diz Joshua Meyer (New York Presbyterian Hospital, E.U.A.) e cols, o que poderia levar ao subdiagnóstico da doença em indivíduos jovens.

Para estimar o tamanho potencial do problema, Meyer e equipe estudou os dados da Vigilância Epidemiologia americana(US Surveillance, Epidemiology, and End Results - SEER), avaliando o prontuário de 7.661 indivíduos com diagnóstico de câncer cólon, reto e retossigmóide entre os anos de 1973 e 2005.

A análise desses dados revelou que a incidência de câncer retal aumentou uma média de 2,6% ao ano, enquanto a incidência de câncer dos cólons diminuiu em média 0,2% por ano, possivelmente devido a técnicas de análise e melhoria dos programas de rastreio.

Da mesma forma, a incidência de câncer de retossigmóide durante o período de estudo de 3 décadas, teve um aumento de 2,2% ao ano, enquanto que a incidência anual de câncer de cólon sigmóide e do cólon descendente isolados diminuiu 0,4% e 2,8%, respectivamente.

Outras análises mostraram que a incidência de câncer de reto e retossigmóide começaram a aumentar a partir de 1984, ao passo que em dados anteriores a este, a variação percentual anual não se alterou significativamente de ano para ano.

Apesar da crescente incidência de cânceres de reto, Meyer e cols. dizem que as taxas globais "não são suficientemente elevados para justificar uma mudança nas diretrizes atuais de investigação”.

Os pesquisadores sugerem, no entanto, "considerar imperativo a avaliação endoscópica de pacientes jovens que se apresentem com sangramento retal e/ou outros sinais ou sintomas comuns de câncer retal ou retosigmoide".

Os resultados são publicados na revista Cancer.

*MedWire(www.medwire-news.md) é um serviço independente de notícias clínicas fornecidas pelo Current Medicine Group, uma divisão comercial da Springer Healthcare Limited.
© Healthcare Ltd Springer, 2010.

Referência:

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Melanoma da pele, prevenir e diagnosticar precocemente

Dr. Felipe Ades
Oncologista Clínico
Oncotrat Oncologia Médica
Melanoma é um tipo grave de câncer de pele que tem início nas células produtoras de melanina, substância responsável pela coloração da pele,podendo ser prevenido com ações simples e, se diagnosticado precocemente, atinge niveis de cura superiores a 90%.
Normalmente surgindo de uma "pinta" (ou sinal) escura da pele que começa a crescer, ou de uma "pinta nova", que não existia antes. É responsável por apenas 4% de todos os cânceres de pele, porém é o mais agressivo deles pelo risco de se espalhar para outros órgãos.
Dados do dataSUS estimam o surgimento de em torno de 6000 novos casos por ano no Brasil. Em todo mundo vem aumentando o aparecimento da doença, por motivos ainda não bem compreendidos, mas possivelmente relacionados com as mudanças climáticas e a diminuição da camada de ozônio.
É importante a identificação de pacientes com fatores de risco para a doença e adoção de medidas preventivas precoces nestes grupos.


Fatores de Risco

As características genéticas das pessoas, assim como a relação com o ambiente, principalmente a exposição ao sol, podem influenciar no aparecimento de diversos tipos de cânceres de pele, inclusive o melanoma.

Exposição ao Sol
O risco de desenvolvimento de câncer de pele parece estar relacionado ao tempo e à intensidade de exposição ao sol. Algumas observações que comprovam essa teoria é a relação entre o aumento do aparecimento de melanoma em pessoas que migram de regiões mais distantes para mais próximas da Linha do Equador, onde a radiação solar é mais intensa. Nota-se, também, que a maioria dos cânceres de pele aparecem em regiões da face, dorso das mãos e antebraços, partes do corpo que normalmente não estão protegidas pelas roupas.

Pigmentação e tipos de pele
A coloração da pele tem nítida relação com o aparecimento de melanoma. A melanina tem como função proteger o DNA das células da pele contra a radiação ultravioleta solar. Pessoas de pele escura têm mais melanina que pessoas de pele clara, logo têm mais proteção contra o sol. Por haver menor proteção contra o sol nas pessoas de pele clara é que se observa uma maior chance de aparecimento de melanoma.
Um estudo nos Estados Unidos identificou que o risco de aparecimento de melanoma em um americano de origem europeia é 20 vezes maior do que a de um de origem africana.
Quando se junta os dois fatores, pessoas de pele clara e alta exposição solar, o risco de câncer de pele aumenta muito. A Austrália é o local que tem a maior quantidade de novos casos de melanoma no mundo, um país predominantemente com pessoas de pele muito clara e próximo à Linha do Equador.

História familiar
Pessoas que têm parentes de primeiro grau que já tiveram melanoma também têm maior risco de desenvolver a doença. Estima-se que esse risco seja 10% maior do que o risco da população em geral, mas dependendo do número de parentes que já tiveram melanoma o risco pode chegar a ser até oito vezes maior.

Como Prevenir?

A melhor medida para diminuir o risco de surgimento de um melanoma é evitar a exposição solar, principalmente no horário em que há maior incidência de radiação UVA e UVB, que acontece entre 10 e 16h.
Usar camisa, óculos escuros e chapéu/boné sempre que for ao sol.
Quando a pele for ficar exposta, usar protetor solar com fator de proteção adequado para o tipo de pigmentação da pele, segundo a recomendação de um dermatologista. O fator de proteção solar não deve ser inferior a 15, e o protetor deve ser aplicado pelo menos meia hora antes da exposição ao sol, devendo ser reaplicado cada vez que a pessoa for à água, independente de ser na praia ou na piscina.

Mitos sobre a pele bronzeada

“Uma pele bronzeada protege contra queimadura solar”
Tanto a queimadura solar quanto o bronzeado são formas do corpo de reagir a uma agressão pela radiação. A melanina é produzida em uma tentativa da pele de se defender do dano produzido pelos dos raios UVA e UVB, escurecendo a cor da pele. Quando essa agressão solar é mais intensa que a capacidade de produção de melanina, os vasos sanguíneos são danificados, ficando inflamados e gerando a coloração avermelhada.

“Uma cor saudável”
Tanto o bronzeamento quanto a queimadura são, em graus diferentes, lesões de pele pela radiação UVA e UVB. O bronzeamento é transitório, enquanto que os defeitos produzidos pelo sol no DNA das células da pele podem ser permanentes.

“Bronzeamento artificial é melhor para a pele do que o sol”
O princípio das câmaras de bronzeamento artificial é expor a pele à radiação ultravioleta, a mesma que a radiação solar, porém de forma mais intensa e por um tempo curto. As lesões na pele produzidas por este método de bronzeamento podem ser até maiores do que aquelas produzidas pelo sol.

“Os cremes autobronzeadores também fazem mal?”
Não, até o momento não se encontrou nenhuma relação entre o uso desses cremes com o aparecimento de melanomas. Podem ser usados sem risco para o surgimento de melanoma.

Como diagnosticar precocemente o melanoma?

Existem características nas pintas e manchas (descritos tecnicamente como nevos) da pele que indicam que um melanoma pode estar aparecendo. Qualquer modificação nos nevos já existentes ou surgimento de um novo nevo deve ser relatado ao dermatologista.
Algumas alterações aumentam a chance de se tratar de um melanoma, este exame é conhecido pelos médicos como ABCDE do melanoma:
A – Assimetria
B – Bordas irregulares
C – Cores diferentes dentro de um mesmo nevo
D – Diâmetro maior que 6 mm
E – Evolução (significando uma mudança de qualquer uma das características descritas anteriormente)

Conhecer estes sinais e realizar o autoexame da pele é uma medida com bons resultados na detecção precoce do melanoma. Mais importante que isso é consultar o dermatologista regularmente, já que esse é o profissional que tem o “olho treinado” para achar essas alterações, além de poder examinar áreas inacessíveis ao autoexame, como as costas e a parte posterior das pernas.
Os intervalos entre as consultas fica a critério do dermatologista. Esta avaliação é individual, dependendo do tipo de pele, da quantidade de lesão solar já recebida, e da história familiar.

Em resumo, as medidas que podemos tomar para evitar o câncer de pele são:
- Use protetor solar sempre que for ao sol
- Evite o horário entre 10 e 16h
- Atenção a novas pintas ou pintas que se modificaram
- Consulte um dermatologista periodicamente

Para mais informações:

Instituto Nacional de Câncer
http://www.inca.gov.br/

Sociedade Brasileira de Dermatologia
http://www.sbd.org.br/

Universidade de Pittsburgh
http://www.melanomacenter.org/

Melanoma Research Foundation
http://www.melanoma.org/

Oncotrat Oncologia Médica
http://www.oncotrat.com.br/

sábado, 17 de julho de 2010

ANATOMIA-ilustraciones digitales de Karl Wesker

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Esofagectomia: caso clinico

Paciente de 52 anos foi internado com intoxicação alcoólica, letargia e anorexia, apresentando hiponatremia como achado complementar.
Ele tinha uma história pregressa de esofagogastrectomia total com anastomose jejunal há 20 anos, devido a lesão necrótica por ingestão de produto de limpeza contendo lixívia (também designada de potassa cáustica ou hidróxido de potássio, é uma solução aquosa de carácter básico, de hidróxidos, carbonatos e sulfuretos de metais alcalinos). Além disso, havia um histórico de abuso de álcool e disfagia.
Ao exame físico, movimentos peristálticos eram visíveis na área do esterno onde o jejuno foi interposto para reestabelecer o transito digestivo (vídeo).
A esofagectomia pode ser necessária devido à lesão esofágica cáustica ou câncer e, muitas vezes exige a interposição do estômago. Caso o estômago não esteja disponível, como neste paciente, segmentos do cólon ou intestino delgado podem ser utilizados. No momento da esofagogastrectomia inicial do paciente, uma abordagem pré-esternal foi utilizada para a anastomose final, ao invés de uma abordagem transtorácica ou subesternal, que são mais comumente realizadas. Como consequência da alteração da anatomia, os pacientes que se submeteram a esse procedimento apresentam muitas vezes disfagia, esvaziamento gástrico rápido (síndrome de dumping), distúrbios hidroeletróliticos, e obstrução.
O paciente em questão foi tratado com reposição hidroeletrolitica, suplemento multivitamínico, e a retomada de uma dieta oral obtendo alta com recuperação completa.

Referência:
NEJM, Volume 362:e68,June 17, 2010; Number 24

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Síndrome do coração partido (síndrome de Takotsubo)

RELATO DE CASO

Síndrome do coração partido (síndrome de Takotsubo)

Alessandra Edna Teófilo Lemos; Antonio Luiz Junior Araújo; Michely Teófilo Lemos; Lucia de Souza Belém; Francisco Juarez C. Vasconcelos Filho; Raimundo Barbosa Barros

Hospital de Messejana - Fortaleza, CE - Brasil


RESUMO

A cardiopatia induzida por estresse (precipitada por estresse emocional), também chamada de balonamento apical transitório do ventrículo esquerdo, síndrome do coração partido e, no Japão, síndrome de takotsubo, é caracterizada pela presença de movimento discinético transitório da parede anterior do ventrículo esquerdo, com acentuação da cinética da base ventricular.
O curso clínico da cardiomiopatia de takotsubo pode se assemelhar ao do infarto agudo do miocárdio, com dor torácica típica e alterações eletrocardiográficas, sendo a cineangiocoronariografia realizada para distinguir as duas condições na fase aguda.

Palavras-chave: Estresse psicológico / complicações, cardiopatias, sindrome de Takotsubo.



Relato do Caso

Paciente do sexo feminino, com 62 anos de idade, admitida com dor precordial típica iniciada após forte estresse emocional (presenciar homicídio do esposo), dispnéia grave e sinais de baixo débito (palidez e hipotensão).

Ao exame físico, a paciente encontrava-se em estado de torpor, com palidez acentuada. À ausculta cardíaca, foram observadas bulhas rítmicas e taquicardia e à ausculta pulmonar, crepitações em até dois terços inferiores dos campos pulmonares. A paciente apresentava pressão arterial de 77 x 30 mmHg, freqüência cardíaca de 80 bpm, freqüência respiratória de 32 irm e temperatura corporal de 37°C, sem antecedentes relevantes.

A eletrocardiografia realizada na admissão revelou supradesnivelamento do segmento ST em parede ínfero-lateral (fig. 1).
Exames laboratoriais evidenciaram elevação das enzimas cardíacas (tab. 1), e a radiografia de tórax revelou congestão pulmonar e sombra cardíaca normal.

A paciente evoluiu com choque cardiogênico e insuficiência respiratória, sendo necessárias a administração de aminas vasoativas e a utilização de suporte ventilatório.
Encaminhada ao laboratório de hemodinâmica, o estudo das coronárias não demonstrou obstruções significativas e a ventriculografia esquerda evidenciou aneurisma da parede anterior em forma semelhante a takotsubo ou halteres (fig. 2).

Após 48 horas, a paciente apresentou melhora clínica significativa, com descontinuidade progressiva das aminas e desmame da ventilação mecânica.

Depois de 72 horas de evolução do quadro foi realizada ecocardiografia, que demonstrou acinesia e dilatação da ponta do ventrículo esquerdo, com função sistólica preservada e disfunção diastólica leve por déficit de relaxamento.

A paciente recebeu alta no nono dia de internação, e estava estável em uso de aspirina, estatina e inibidor da enzima conversora da angiotensina. Retornou para avaliação ambulatorial 15 dias após a alta, quando nova ecocardiografia demonstrou cinética tanto global como segmentar preservada.

Discussão

A cardiomiopatia de takotsubo, uma nova síndrome cardíaca, caracteriza-se por disfunção transitória do ventrículo esquerdo com dor torácica, alterações eletrocardiográficas e liberação discreta de enzimas mimetizando infarto agudo do miocárdio1. A ventriculografia esquerda demonstra balonamento apical com hipercinesia do segmento basal do ventrículo, lembrando um halteres ou takotsubo (armadilha utilizada no Japão para pegar polvo).

A síndrome descrita apresenta, como peculiaridade, o fato de seu desencadeamento estar ligado a alguns fatores bastante variáveis, sendo um deles o estresse. Todas as situações de estresse apresentam elevação das catecolaminas, que também podem ser causa de disfunção ventricular, como no feocromocitoma2.

Apesar de a causa ser desconhecida, a estimulação simpática exagerada tem sido proposta como um fator central na fisiopatologia. Pacientes com takotsubo têm maiores níveis de catecolaminas que pacientes com infarto com a mesma classe Killip. Diferenças regionais na sensibilidade ou na inervação adrenérgicas devem explicar apresentações clínicas diferentes e alterações segmentares. Finalmente, algumas investigações têm sugerido que o espessamento septal é um fator primordial na fisiopatologia da síndrome pela divisão do ventrículo esquerdo, o que resulta em balonamendo no ápice, promovendo um disparo secundário para liberação adrenérgica3.

Precipitada por forte estresse emocional, é mais comum em mulheres com idade variando entre 60 e 75 anos, como o caso em questão4. O sintoma mais comum é a dor retroesternal; entretanto, alguns pacientes apresentam dispnéia, choque ou apenas anormalidades eletrocardiográficas5.

No eletrocardiograma, observa-se que a relação entre supra do segmento ST de V4-5 e supra do segmento ST de V1-3 é significativamente alta, além de o intervalo QTc ser mais longo. A ausência de alterações recíprocas e de anormalidade na Q e a relação ST V4-6/V1-3 > 1 demonstram alta sensibilidade e alta especificidade para o diagnóstico6.

Os exames laboratoriais revelam elevação de troponina T e, menos freqüentemente, da CK-MB.

Foi descrita, recentemente, uma variante do balonamento ventricular esquerdo transitório, na qual somente o médio ventrículo é afetado, com hipercontratilidade dos segmentos basal e apical, chamada de takotsubo reverso7. A explicação para essa nova variante permanece tão incerta quanto aquela para a doença padrão. Especula-se que seja reflexo de uma variação temporal na resolução do processo, embora esse fato não explique a hipercontratilidade do segmento apical.

A ausência de coronariopatia obstrutiva significativa e a reversibilidade da disfunção do ventrículo esquerdo são conceitos importantes para o diagnóstico, com restauração da função ventricular até 18 dias do início dos sintomas, em média8.

No caso em questão, a paciente, menopausada, após forte abalo emocional, evoluiu com choque cardiogênico e insuficiência respiratória por edema agudo dos pulmões, apresentando melhora significativa em 48 horas. Cineangiocoronariografia sem lesões significativas nas coronarias e ventriculografia mostrando balonamento apical do ventrículo esquerdo.

Conclusão

No caso relatado, a evolução tanto clínica como ecocardiográfica, com resolução da alteração da contração segmentar, confirma o diagnóstico.

A despeito da gravidade da doença aguda, a síndrome é transitória e o tratamento é essencialmente baseado em medidas de suporte hemodinâmico.

Referências

1. Ishikawa K. " Takotsubo" cardiomyopathy: a syndrome characterized by transient left ventricular apical ballooning that mimics the shape of bottle used for trapping octopus in Japan. Intern Med. 2004; 43 (4): 275-6.

2. Sousa JM, Knobel M, Buchelle G, Sousa JA, Fisher CH, Born D, et al. Transient ventricular dysfunction (Takotsubo cardiomyopathy). Arq Bras Cardiol. 2005; 84 (4): 340-2.

3. Van de Walle SO, Gevaert SA, Gheeraert PJ, De Pauw M, Gillebert TC. Transient stress-induced cardiomyopathy with an " inverted Takotsubo" contractile pattern. Mayo Clin Proc. 2006; 81 (11): 1499-502.

4. Bybee KA, Kara T, Prasad A, Lerman A, Barsness GW, Wright RS, et al. Systematic review: transient left ventricular apical ballooning: a syndrome that mimics ST-segment elevation myocardial infarction. Ann Intern Med. 2004; 141: 858-65.

5. Reeder GS. Stress-induced (Takotsubo) cardiomyopathy. [Acesso em 2005 Sept 7]. Disponível em: http://www.uptodate.com/.

6. Ogura R, Hiasa Y, Takahashi T, Yamaguchi K, Fujiwara K, Ohara Y, et al. Specific findings of the standard 12-lead ECG in patients with " Takotsubo" cardiomyopathy: comparison with the findings of acute anterior myocardial infarction. Circ J. 2003; 67 (8): 687-90.

7. Hurst RT, Askew JW, Reuss CS, Lee RW, Sweney JP, Fortuin FD, et al. Transient midventricular ballooning syndrome: a new variant. J Am Coll Cardiol. 2006; 48: 579-83.

8. Vasconcelos JT, Martins S, Sousa JF, Portela A. Takotsubo cardiomyopathy: a rare cause of cardiogenic shock simulating acute myocardial infarction. Arq Bras Cardiol. 2005; 85 (2):128-30.

Artigo publicado em: Arq. Bras. Cardiol. v.90 n.1 São Paulo jan. 2008

Acesse o site: http://www.arquivosonline.com.br/

Artigo publicado referendado pelo Dr. Luiz Felipe Ferraccioli, Staff da Clinica Médica da Policlínica Piquet Carneiro-UERJ

Recomendamos também a leitura do arquivo abaixo:
Síndrome do coração partido (Síndrome de Takotsubo) induzida por ecocardiograma de estresse com dobutamina. Arq. Bras. Cardiol., Jul 2009, vol.93, no.1, p.e5-e7.
Disponivel em: http://www.arquivosonline.com.br/2009/9301/pdf/9301014.pdf

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Transição epidemiológica da mortalidade por doenças circulatórias no Brasil

Antonio de Padua Mansur; Adriano Ibrahim A. Lopes; Desidério Favarato; Solange Desirée Avakian; Luíz Antonio M. César; José Antonio F. Ramires

Instituto do Coração (InCor) - HCFMUSP - São Paulo, SP - Brasil

RESUMO

FUNDAMENTO: As doenças circulatórias (DC) são as principais causas de morte no Brasil, com predomínio das doenças cerebrovasculares (DCbV). Nos países desenvolvidos, predominam as doenças isquêmicas do coração (DIC).

OBJETIVO: Analisar a relação entre DCbV/DIC em homens e mulheres a partir de 30 anos.

MÉTODOS: As estimativas da população e os dados de mortalidade para DC, DIC e DCbV foram obtidos do Ministério da Saúde para o período entre 1980 e 2005. O risco de morte por DIC e DCbV por 100.000 habitantes e a relação entre DCbV/DIC foram analisados nas faixas etárias decenais a partir de 30 anos. O risco de morte foi ajustado pelo método direto, usando como população padrão a população mundial de 1960.

RESULTADOS: Observou-se aumento exponencial do risco de morte por DIC e DCbV, com o aumento da faixa etária. DCbV foi a principal causa de morte no Brasil até 1996, quando passou a predominar a DIC. Foi observada redução de 33,25% no risco de morte por DC na população brasileira. Na região metropolitana de São Paulo, houve uma diminuição de 45,44%, entre 1980 e 2005. A relação DCbV/DIC foi maior nas mulheres mais jovens: de 2,53 em 1980 e 2,04 em 2005 para a população brasileira, e de 2,76 em 1980 e 1,96 em 2005 na região metropolitana de São Paulo, com decréscimo nas faixas etárias subsequentes. Nos homens, a relação DCbV/DIC foi próximo de <1 para todas as faixas etárias.

CONCLUSÃO: Observou-se, no Brasil, uma transição do risco de morte por DC, com predomínio atual das DIC.

leia e salve o artigo na integra, no link:

terça-feira, 16 de março de 2010

Vacina para o Vírus da Influenza e Mortalidade por Doenças Cardiovasculares na Cidade de São Paulo

Antonio de Padua Mansur, Desidério Favarato, José Antonio F. Ramires

RESUMO
FUNDAMENTO:
A influência da vacinação contra o vírus da gripe na mortalidade por doenças cardiovasculares (DCV) é controversa.

OBJETIVO: Analisar a mortalidade por DCV antes e depois do início da vacinação contra a gripe na cidade de São Paulo. MÉTODOS: Analisou-se a mortalidade por doenças isquêmicas do coração (DIC), doenças cerebrovasculares (DCbV) e por causas externas (CE) na população da região metropolitana de São Paulo com idade > 60 anos, antes e depois do programa de vacinação contra a gripe. As estimativas da população e os dados de mortalidade foram, respectivamente, obtidos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE;www.ibge.gov.br ) e do Ministério da Saúde ( www.datasus.gov.br ) para o período entre 1980 e 2006. O risco de morte foi ajustado pelo método direto, em que se utilizou a população padrão (mundial) referente a 1960.

RESULTADOS: As comparações entre as inclinações das linhas de regressão foram semelhantes para as DCbV (p = 0,931) e CE (p = 0,941), porém, para as DIC (p = 0,022), observou-se significativa redução da linha do período pós-vacina quando comparada com a linha do período pré-vacina. Mudança na tendência da mortalidade após 1996 foi significativa somente para as DIC (p = 0,022), permanecendo inalterada para as DCbV (p = 0,931) e CE (p = 0,941).

CONCLUSÃO: A vacinação contra a gripe associou-se a significativa redução da mortalidade por DIC.

Palavras-chave : Doenças cardiovasculares [epidemiologia]; isquemia miocárdica; vacinas contra influenza; influenza humana.

Referência:
1- MANSUR, Antonio de Padua; FAVARATO, Desidério e RAMIRES, José Antonio F.. Vacina contra o vírus da influenza e mortalidade por doenças cardiovasculares na cidade de São Paulo. Arq. Bras. Cardiol. [online]. 2009, vol.93, n.4, pp. 395-399. ISSN 0066-782X. doi: 10.1590/S0066-782X2009001000013.

leia o artigo na integra, clicando no link abaixo:
http://www.arquivosonline.com.br/2009/9304/pdf/9304013.pdf

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Insuficiência Cardíaca Aguda

64º Congresso Brasileiro de Cardiologia - Salvador 2009

II Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Aguda
clique e baixe em seu computador(pdf)
http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2009/diretriz_ica_93supl03.pdf